Deixa a vida me levar?

Assistindo a reportagem do Fantástico nesse domingo  com o cantor Zeca Pagodinho, pude observar algumas coisas sobre a vida.
Há no ser humano a tendência de viver a" Teologia do Zeca Pagodinho",  que é a "teologia" de deixar a vida nos levar, e assim transferir nossas responsabilidades para com a própria vida e com o Deus da vida.
Mas se a vida nos levar, ela nos leva para onde? E se a pergunta é :deixa a vida me levar leva a vida eu? Preciso querer saber pelo menos para onde essa vida pode me levar.  
Nesse desespero existêncial, vivemos no dia a dia uma roleta russa espiritual, que é deixar para o acaso a destino das nossas vidas. E nos esquecemos que "destino" e "achar uma razão para a vida" tem haver com o propósito de Deus. Propósito esse que passa pelas nossas escolhas, podemos escolher esse propósito de Deus que ele separou para nós, ou podemos simplesmente pelas escolhas erradas deixar a vida nos levar.  
E a vida nos leva para um sub-vida onde apenas sobrevivemos, sempre esperando "essa vida nos levar" a um lugar que nem sabemos onde. Essa é a "teologia" onde se vive uma vida alucinada e inconsequente onde ao mesmo tempo "toma-se cerveja e reza o tempo todo", onde pode-se  ter "fé em Deus", mas ainda assim achar o inferno um lugar legal.
Viver um tipo de vida confusa, sem paz, onde a aleatoriedade é o nosso guia, onde nada faz sentido, onde não há um propósito maior para a existencia, vida sem propósitos é fruto da escolha de deixar a "vida nos levar" sem assumirmos responsabilidade pela nossa história e sem convidarmos a Deus para conduzi-la. É como disse o C.S.Lewis: " Há dois tipos de pessoas : as que dizem a Deus "seja feita a tua vontade" e aqueles a quem Deus diz: tudo bem faça do seu jeito". Em outras palavras: Tudo bem, vou deixar a vida te levar!
Deixar a minha vida me levar? De maneira nenhuma, prefiro segurar a mão de Deus e ir!

A velha discussão dos "xiitas-talibãs evangélicos" ( Igreja-cultura e evangelho)

Eu fui criado na igreja, desde a minha meninice aos 6 anos fui levado a uma Igreja Batista, onde encontrei Jesus e tive a minha vida transformada. Uma igreja Batista “tradicional” da Convenção Batista Brasileira, onde naquela época ainda bater palmas eram coisas de pentecostais e bateria era algo do rock e o pai do rock é o diabo.
Essa fui a cultura onde fui criado e ensinado. Durante muitos anos eu tive muitas dificuldades de falar de Jesus, pois havia algumas coisas que eu não conseguia biblicamente responder “ porque  algumas coisas na nossa estratégia era considerado pecado”
Minha peregrinação foi longa até que na minha adolescência ( o ano de 1995) eu fui a uma Livraria Evangélica e peguei  uma fita de vídeo de uma banda de rock cristão muito conhecida naquela época: o  Petra.
Peguei essa fita, a escondi como um usuário que não pode e não quer ser descoberto e assisti em minha casa. Aquela fita mostrou uma banda de rock ( rock não era do diabo?), séria, com letras relevantes e bíblicas, alcançando uma multidão de jovens que estavam morrendo sem Cristo. Ali foi um processo de liberação e revelação onde comecei a repensar o meu caminho como líder e futuro pastor. Hoje continuo sendo um pastor batista da Convenção Batista Brasileira e me desculpem o acesso de "orgulho" me sinto ainda mais batista hoje do que na época em que achava que ouvir Petra, bater palma e usar boné no " templo" eram coisas do diabo.
E essa ainda é a velha discussão que temos  igreja- cultura- evangelho. Confundimos isso, não sabemos distinguir uma coisa da outra e batemos tudo em um liquidificador e confundimos alho com bugalho ou digo não sabemos ao certo o que é evangelho- cultura e igreja. E por isso as igrejas “sobrevivem” e não alcançam pessoas na sua geração
Acabamos vivendo uma eclesiologia confusa ,misturada, um evangelho que não consegue falar ao nosso tempo e assim vamos perpetuando uma igreja dentro de uma cultura estranha e  com um “evangelho que parece ultrapassado”.
E entendo que essa é uma das maiores razões porque pessoas tem sido impedidas de serem alcançadas com a mensagem do evangelho, temos uma imensa dificuldade de atravessar a rua e contextualizar. Nos prendemos nos ditames da cultura em que " nos convertemos" e onde  fomos ensinados e a sacralizamos.Achamos que o evangelho de Jesus de "Nazaré" não pode se adaptar as culturas. E que Jesus fala inglês e o evangelho é somente o dos nossos colonizadores.
Nos prendemos em discussões : musica do mundo ou musica gospel? Qual o limite entre o sagrado e o profano?. A dança é de Deus ou do Diabo?, será que o diabo teve um filho que se tchama : Rock? O " verdadeiro crente" pode ter tatuagens e piercings ou isso é expressão de rebeldia , pecado e abrir brecha para ação maligna?
Na verdade tudo isso não passa de uma discussão para encobrir a nossa imensa religiosidade e legalismo. A dificuldade que temos de quebrar os nossos paradgmas e a nossa tendência de manter o status quo, sem nunca nos perguntarmos: Porque as coisas são assim? O que a Bíblia diz sobre isso?
Há na maioria dos membros de nossa igreja uma  suscetibilidade e a uma  tendência de sermos “separados” e “santarados” de criar uma separação entre “ nós e eles". A "igreja" e o mundo.
Vivemos um “Xiismo gospel”, e os “Xiitas evangélicos” são encontrados todos os domingos nos cultos das nossas igrejas, de tal maneira que eles estão dispostos a matar pessoas para manterem as suas tradições.
A igreja não é desse mundo,mas está no mundo, um mundo que Jesus morreu e precisa ser alcançado.
Achamos que entendemos a Deus e que o Deus que servimos é “escandalizável” a ponto de abominar um louvor onde os jovens estiverem com bonés.  Esses bates bocas intermináveis só servem para afastar ainda mais as pessoas da “igreja” e do “evangelho”.
O tempo que vivemos é para revermos o que é o evangelho, e fazermos a ponte sem vendermos os conteúdos do evangelho.
Como fazer isso?  É claro que é vivendo os princípios da palavra e entendendo tudo o que fazemos com base nessa palavra, ela não pode mudar, mas a maneira de apresentarmos o evangelho, métodos, a linguagem, as musicas, as estratégias tudo isso precisa sempre ser repensado, adaptado e mudado para alcançar a nossa geração.
Por isso a pergunta não é: "penso que", "ou é a minha opinião pessoal". Mas sim o que precisamos mudar para alcançar o coração das pessoas que não conhecem a Jesus e estão envolvidos em sua cultura? Quais são as pontes que podemos utilizar que não ferem a palavra para chegarmos perto deles? Quais são os paradigmas pessoais que precisamos quebrar?
Até que ponto estou disposto a ir para alcançar o coração daqueles que estão separados de Deus?
 O nosso desejo sempre é o de fazermos " três tendas" no monte da transfiguração enquanto pessoas estão morrendo no vale.
Fico com as palavras do Pr. Mark Driscoll, precisamos ser igrejas teologicamente conservadoras e culturalmente liberais.
Esse é o principio da encarnação. Vivermos um evangelho culturalmente relevante, servindo a Deus no nosso tempo.
A frase que mais me impacta nesse processo toda é  a de Charles Spurgeon: " Para o homem que vive para Deus tudo é sagrado e nada é secular"
Eu louvo a Deus que me ajudou a descer desse “ carrossel gospel”, que me ajudou a abandonar esse “ xiismo gospel” que mais afasta do que atrai as pessoas pelas quais Cristo morreu.

Se prapare para a Campanha 40 dias de Propósitos!

Está chegando a hora e por isso é necessário apertar o cinto pois vamos decolar. Nesse domingo tem inicio a nossa Campanha 40 dias de Propósitos. Com ela estamos cheios de expetativas para esses 40 dias que virão.

A campanha de 40 dias é uma campanha de crescimento espiritual, onde esperamos que cada frequentador da Betesda seja desafiado de maneira pessoal a ir em direção ao propósito de Deus para as suas vidas. Dias em que estaremos centralizando nossas vidas em Deus e não em nós.
Por isso esperamos fazer juntos essa jornada em direção ao propósito de Deus para as nossas vidas.
O desafio é pensar, e agir exponencialmente, pois cremos que o melhor de Deus está por vir.
Queremos e esperamos que esses 40 dias sejam um tempo especial para as nossas vidas e igrejas, onde esperamos ser impactados por aquilo que estaremos fazendo juntos com o nosso foco concentrado.
Acima de tudo esperamos que esses 40 dias sejam dias de oração, estaremos orando todos os dias na nossa sede, e esperamos que cada participante viva 40 dias de intensa oração pessoal, pela igreja e pela nossa cidade. Estaremos orando nesses 40 dias por quase 2.500 pessoas que queremos alcançar.
Outros desafios são:
Convidar o maior número possível de pessoas para as nossas celebrações semanais e para os encontros das células
Nesses 40 dias faremos  juntos a leitura de uma devocional do Livro “ Uma vida com propósitos “ do Pr. Rick Warren ( Best-seller que já tem mais de 40 milhões de cópias vendidas no mundo todo.
Juntos também sermos desafiado a cada semana por uma mensagem prática e relavante para as nossas vidas que vão acontecer nas nossas celebrações as 17h e 19h . Participe de cada uma dessas celebrações.
E é claro queremos fazer isso dentro de um envolvimento semanal em nossas células que se reúnem nas casas, se você ainda não faz parte de uma se envolva, queremos fazer essa jornada juntos. Queremos envolver cada participante da nossa igreja nessa campanha.

Jejue e faça desafios pessoais para esse período de campanha. Acrescente o principio do pensamento exponencial o princípio do pensamento exponencial. Esse é o princípio que realmente tem feito uma diferença em centenas de igrejas. Esse tipo de pensamento obriga sua fé a se esticar. É tão grande que o obriga a depender completamente de Deus porque você sabe que não pode alcançar seus alvos com suas próprias forças. Esse é o fator fé, e é o que tira a campanha do âmbito do “o que fazemos sempre”, ou “o que achamos que podemos fazer”, e faz com que vocês esperem que Deus faça algo que nunca foi feito em sua vida e em nossa igreja antes.
E  no dia 25/09 que será o Domingo de Celebração, o nosso grand finale onde iremos testemunhar e celebrar  tudo aquilo que Deus fará durante esses 40 dias.
Prepara-se desde já para essa preciosa jornada, se envolva pessoalmente, pois queremos sair melhores, maiores e mais impactados ao final dessa campanha. Deus irá nos surpreender
Se envolva intensamente, se separe, se prepare, ore, creia e pense exponencialmente durante todo esse tempo. Pois em 2011 “ O melhor está por vir”
Ricardo Capler
Pastor da Igreja Batista Betesda

A força que vem da fraqueza

Assistindo ao Filme Capitão América nessa semana uma frase solta no meio do filme dia pelo Dr.Abraham Erskine para Steve Rogers me chamou muito a atenção: " O homem fraco conhece o valor da força e assim a compaixão"


E indiferente de todo o xenofobismo do filme que está explicito no nome é claro, ele me levou a pensar em uma realidade biblica, um herói que é formado por causa  e a partir das suas fraquezas. Um herói que consegue compreender o valor do poder exatamente por ter consciencia da sua fraqueza.
E de fato em um tempo em que somos ensinados a supervalorizar as nossas virtudes e a camuflar as nossas fraquezas, fico pensando naquilo que o Apóstolo Paulo escreveu a tantos anos atrás e que o filme conseguiu de alguma maneira captar.
" ...portanto eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas para que o poder de Cristo repouse sobre mim."

Pois nas nossas fraquezas admitidas podemos de alguma maneira experimentar o poder de Deus agindo através de nós. A especialidade do nosso Pai é usar os seus filhos fracos para que assim todos possam ver o seu poder. O desafio passa ser  encararmos as nossas fraquezas e as admitirmos diante de Deus, lutarmos contra elas, mas entendendo que toda mudança é sempre obra de Deus.

 A verdade é que Deus nos usa apesar de nós, e essa verdade não é um atestado para ficarmos como estamos, mas sim para dependermos ainda mais da Graça de Deus, para crermos ainda mais naquilo que Deus pode e quer fazer, para aumentarmos as nossas expectativas sobre a soberana atuação do Deus que contrala a história  usando homens "fracos". Homens "fracos" que são os que aprendem amar, e por isso se sensibilizam com o outro. Esses sãos o que entendem a compaixão pois de fato são homens quebrados. Homens que por ter experimentado dores, feridas e decepções não se enfraquece e se fecha, mas ao contrário se abre como uma fonte por onde o poder de Deus pode ser aperfeiçoado.


Os fracos na verdade são os fortes, pois são os que se regozijam nas suas fraquezas, insultos  necessidades, perseguições, angústias, decepções e  feridas. São aqueles que tem um coração voltado para o outro sempre. Pois é de todas essas coisas que o poder de Deus emana. Em meio a isso podemos descobrir  o poder que só vem em meio a nossa  fraqueza.

Parabéns Piracicaba - 244 anos



Hoje 1 de Agosto Piracicaba está completando 244 anos. E o meu desejo nessa data, é agradecer a Deus por essa maravilhosa cidade chamada Piracicaba. Cidade cheia de flores e cheia de encantos. Cidade marcada por uma diversidade cultural, cidade que é um polo regional de desenvolvimento industrial  e agrícola situada em uma das regiões mais industrializadas do País e que tem de maneira acelarada crescido nesses últimos anos.
Mas Piracicaba marca a minha vida não é somente por essa características e progresso nos últimos anos. Sim o fato de que é aqui que a minha história tem sido escrita, cidade onde por uma direção divina minha família se estabeleceu na década de 80 e portanto aqui  minha história e relacionamentos foram contruídos. Cidade onde desenvolvi minhas primeiras amizades, onde recebi Jesus como meu Senhor, onde conheci minha esposa e tive minha filha e é a cidade onde tenho desenvolvido minha vocação pastoral. Vocação é chamado, e chamado não é somente o que faço mas de maneira visceral o que sou.
E como o meu chamado é em uma igreja nessa cidade, estou entranhamente ligado a ela e de todo coração espero que os melhores anos da minha vida e das pessoas que estão ao meu redor ainda estejam por vir. Faço minha as palavras de John Wesley " A minha paróquia é o mundo" e nesse aspecto e dimensão a minha paróquia é a cidade.
Creio também que a história de Deus nessa maravilhosa cidade " que é o lugar onde o peixe pára" ainda nem começou. Grandes são os desafios que Deus coloca diante de nós para os anos que virão, grandes são as oportunidades, e grande será a colheita para o Deus que ama essa cidade.
Amar essa cidade é a palavra que Deus tem colocado no meu coração de maneira profunda.
E como o Mestre nos chamou para sermos "pescadores" e também para jogarmos as redes, nada mais emocionante do que fazer isso no "lugar onde o peixe pára"

Abaixo a letra do famosos Hino de Piracicaba ( hino oficial da cidade) que define aquilo que sinto nessa data: Parabéns Piracicaba.

 Hino de Piracicaba

Piracicaba, que eu adoro tanto,
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti

Uma saudade que punge e mata
Que sorte ingrata, longe daqui
Entre suspiro, triste sem termo
Vivo no ermo, des'que parti.

Piracicaba, que eu adoro tanto,
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti


Só vejo estranhos, meu berço amado
Ter a teu lado o que perdi
Pouco se importam com teu encanto
Que eu amo tanto, des'que nasci


Em outras plagas, que vale a sorte,
Prefiro a morte, junto de ti
Adoro os prados, os horizontes,
A serra e os montes onde nasci

Harry Potter e as magias da igreja "evangélica" brasileira

Um dos maiores sucessos do cinema nos últimos anos é a serie Harry Potter da escritora J.K. Rowling. O último filme da série: “ Harry Potter e as Relíquias da morte” bateu recordes e recordes de bilheteria no Estados Unidos e no Brasil em sua estréia.
 O bruxinho levantou no meio evangélico as suspeitas e opiniões mais controversas.
Há aqueles  que acham que não há problema algum nos filmes, pois a verdade é que nós gostamos muito de achar chifres em cabeça de cavalo, outros  falam da seriedade da magia branca, e que através dos filmes da série muitos jovens foram induzidos a um envolvimento com ocultismo, magia e outras práticas mistícas o que é obvio não podemos desprezar esse fato tão sério. Mas indiferente das controvérsias levantadas, creio que as magias de Harry Potter se tornam muito inofensivas perto das magias que são praticadas na igreja evangélica brasileira. Ao ligar a televisão e ver a prática de alguns bruxos, digo pastores, as peripécias de Harry Potter passam a ser brincadeirinhas de iniciantes.Pois o que se vê no evangelho pregado é um tipo de magia travestida com frases gospel-evangélicas, mas incisivamente malignas e diabólicas. E o que temos visto é um tipo de magia das mais sérias e contrárias ao evangelho pois a definição de magia segundo o dicionário online Wikkipédia é: "ato de manipular energias espirituais, utilizando-se de toda e qualquer forma de Magia existente, independente de sua origem, através de objetos de qualquer natureza, ações ou reações, com objetivo de alcançar desejos próprios ou de terceiros"Objetivos na Magia Universal: auto-conhecimento, auto-controle, elevação espiritual e intelectual, equilíbrio social e emocional, dominar seu próprio destino, tanto no Mundo Carnal quanto no futuro Mundo Espiritual. É uma infeliz coincidência que é exatamente isso que tem sido praticado pelos gurus, bruxos e bispos das igrejas uma manipulação de energias utilizando todo tipo de objetos para alcançar seus próprios desejos e dos seus “clientes”Isso é o que tem sido ensinado em um grande número de  templos evangélicos, encantamentos  que são feitos para amarrar não o diabo, mas a Deus . Amarrá-lo em nossos projetos megalomaníacos e pessoais.

Encantamentos que tendem a fazer esse Deus ser um súdito disponível as ordens dos “filhos do rei”, um “servo”, um gênio da lâmpada que é convencido pelas magias que aprendemos .
E “Ele ouvirá” é o que ouvimos desde que aprendamos os encantamentos do “ Reino encantado universal das palhaçadas gospel”

Nesse afã místico, eu tô fora das discussões sobre o bruxinho de Hollywood, e sim atento as mandingas e magias dessa igreja que está na televisão.

Conte a sua história



Um dos filmes que mais marcaram a minha adolescência foi “ Forrest Gump : o Contador de Histórias” de Robert Zemekis. Ffilme que fez tanto sucesso que foi o maior ganhador do Oscar em 1994. Ele conta a história de Forrest Gump encenado por Tom Hanks que era  um homem simples do Alabama que viaja ao redor do mundo, se encontra com personalides e históricas e influencia sua cultura,  de um banco de ônibus ele conta histórias.  Penso que a história de Forrest marcou a minha história e de todo o mund, o pois de fato somos apaixonados por histórias e por isso as contamos em músicas, vídeos, filmes,novelas,  livros e em rodas de conversas. Creio no que disse Elie Wiesel que “ Deus criou o homem porque adora histórias” Uma história é capaz de mudar a nossa história, e parafraseando Ruth Stotles : Uma história é capaz de   iluminar o nosso relacionamento com os outros, fortalecer nossa compaixão, de transformar o olhar com que contemplamos os nossos semelhantes confirmando a crença de que estamos todos juntos na tarefa de viver  e de alguma maneira trazer colorido a vida. Uma história bem contada pode nos fazer rir, chorar, refletir, mas de alguma maneira nos faz perceber a vida.
Só experimentaremos a Deus na arte de percebê-lo nas histórias e de encontrá-lo em nossa história que precisa ser contada.
É interessante pois Deus é o nosso Grande contador de histórias que entra na história para mudar a nossa história contando a “história”. O  evangelho é essa história poderosa, viva e real que tem o poder de transformar a nossa vida e começar em nós um processo de podermos escrever uma nova história. Por isso em um tempo como esse que vivemos precisamos recuperar aquilo que foi perdido, que é comunicar o evangelho e vivê-lo contando histórias. Contando ao redor das nossas mesas, tomando um café, em frente as nossas casas, no meio dos corredores da vida.
O Antigo Testamento foi escrito com base na tradição oral dos hebreus, tradição que era passado de pai para filho e  permeia as histórias da Bíblia que nos chama a viver isso e começar a colorir os nossos dias. Prestando atenção as histórias que ouvimos de pessoas, que envolvem suas lutas, vitórias, lágrimas, derrotas e encontros com Deus.
E o interessante no evangelho é que essa história nos traz uma mensagem de que a nossa história ainda está sendo escrita, não estamos no ponto final, o fato de estarmos respirando, vivendo e lendo esse texto, significa que o grande Autor pode reescrever o roteiro e trazer colorido aos nossos dias. Por isso o conselho de Chesterton a uma criança foi: “ Não creia em nada que não possa ser expresso em figuras coloridas”. Pois se não conseguimos ilustrar e contar a nossa história ela se torna irreal, pois ela deve ser explicada de maneira que outros possam “ver”, transformarmos as idéias em histórias. E  isso passa pelo principal que é aprendermos que viver a vida com Deus, é o processo de identificarmos a nossa história que precisa ser contada. Temos dificuldades de contar a nossa história pois não a vemos como Deus a vê. Ele olha para nossas histórias na sua perspectiva: Ele está no controle!
Precisamos aprender a contar a nossa história e nos lembrar de tudo o que Deus fez, e nessa perspectiva sempre contarmos a nossa história. . Percebendo Deus nos detalhes, na condução e direção, identificando o seu cuidado nas cenas que as vezes nem o notamos, crendo  que sempre há um Deus que cuida de nós e nos modifica. Essa é a mensagem que essa geração precisa, ver que existe um Deus presente na nossa história, um Deus que ama tudo isso e por isso criou o homem porque adora histórias.
A dádiva que precisamos oferecer as pessoas é a de partilhar as nossas histórias que envolvem o Deus da história, dar o nosso testemunho. Pois que grande presente é uma história, capaz de ensinar, corrigir os erros, promover mudanças, iluminar o coração e curar feridas.
A única coisa que posso te dizer nesse dia é: “ Conte a sua história”

Marcas de um cristão verdadeiro- Parte 1

Essa é a primeira parte do sermão pregado na Betesda no dia 24/07/2011. É claro que o objetivo dessa mensagem não foi definir as únicas marcas pois poderiamos listar dezenas e dezenas. Mas creio que essas são algumas importantes para nos levar a uma avaliação:

Vivemos dias em que ser cristão é algo que é alvo das mais variadas definições e caricaturas. Reduzimos tanto o evangelho de Jesus que não conseguimos mais definir o que é ser cristão. E assim vivemos dias onde o evangelho de Jesus, o ser discípulo pode facilmente ser “imitado”. Assim como um camaleão consegue se camuflar nos mais variados ambientes, também em nossas igrejas temos pessoas que lá estão, que se veste igual, anda igual, falam igual, mas de fato não são cristãos verdadeiros. É a velha história do famoso Shampoo da década de 80 o Denorex – que tinha cheiro de remédio, mas não era remédio, daí o bordão: “ Parece, mas não é”. Cristãos Denorex (parece mas não é).
O que faz as pessoas se acharem cristãs sem se perguntarem o que faz de alguém um cristão?
Muitas marcas poderiam ser listadas, talvez dezenas, mas listei algumas para essas reflexões:
Creio que existem algumas marcas daquele que se diz cristão, discípulo de Jesus, sem essas alguma coisa está errada. Chamo vocês a uma auto-avaliação:
1ª Marca :  É o novo nascimento ( João. 3.3 )
“ Digo-lhes a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, senão nascer de novo.” Só podemos ser cristãos verdadeiros, nascendo de novo. Pois o cristão verdadeiro  é nascido de novo .É o que Jesus diz: necessário é nascer de novo. Pois se não nascermos de novo não somos cristãos
“ Contudo aos que o receberam, aos que creram no seu nome, deu lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.”
( João 1.12) Isso significa que entendemos segundo a Bíblia algumas  coisas importantes:
- Somos pecadores e estamos afastados de Deus pelo nosso pecado e rebelião.
-Somente Jesus Cristo é o caminho para Deus. É através dele que somos salvos, quando entregamos nossa confiança a ele. E isso é uma obra de Deus.
É talvez seja essa a razão porque muitos não conseguem prevalecer em sua vida cristã. Concordam, sabem ,mas  de fato não entregaram a vida a Jesus como Senhor.
Ele é o Senhor, o Kyrios e por ser dono ele quer uma entrega. Entregar a ele toda nossa idolatria, as coisas que tem roubado a primazia de Jesus em nossa vida
2ª Marca:  O  prazer pelas coisas espirituais ( Salmo 63.1)
“ Ò Deus Tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca exausta e sem água.” Aqueles que são nascidos de novo entendem que os mandamentos de Deus não são penosos, não são pesados. O desejo do discípulo é se deleitar na palavra, na oração, na busca do crescimento. Mesmo sabendo que tudo  isso não é algo que tem haver com sentimento mas é pela fé. É pela fé que andamos e recebemos o prazer pelas coisas espirituais. E por isso aquele que é nascido de novo tem outros valores, algumas coisas não entram mais em discussão, pois a sua decisão foi tomada. Jesus é o Senhor, e as decisões da vida passam pelo seu crivo. Ele tem prazer pela  direção de Deus e  não troca coisas espirituais por coisa passageiras.
Mas muitos de nós não temos esse prazer ou porque  perdemos ou porque não nascemos de novo.
Apocalipse 2.4 4. diz: Contra você porém tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembra-te de onde caíste....”
Você precisa fazer uma pergunta: Eu já tive esse prazer pelas coisas espirituais?
3ª Marca: Um comprometimento com a igreja ( Hebreus 10.25)
O verdadeiro cristão está em comunhão com outros irmãos. O crente não é crente em sua casa. Mesmo quando ele é ferido por “falsos irmãos” ele sabe que ainda sim existe “ a igreja”. Pois na verdade a bíblia não dá essa possibilidade de sermos cristãos sem igreja. Por mais que essa seja a moda hoje em dia: “ Ser cristão apesar da igreja; ser cristão fora da igreja”  Somos salvos para a comunidade para andarmos juntos como corpo de Cristo, para celebrarmos juntos aquilo que Jesus fez em nós. Somos de Cristo em meio ao povo dele no uns aos outros Com a igreja.
O vinculo com uma igreja no meu entendimento  é uma discussão quase desnecessária. O vinculo entre o crente e a igreja não é uma opção é um fato. Estar em Cristo é estar em Igreja e isso implica em compromisso com o Corpo de Cristo. Um ajuntamento local de crentes. Pois a Igreja é a família de Deus.
você tem que dar nome a sua igreja. Qual é a sua igreja?

A igreja nos faz ficar com a mente focada em Deus. Nos leva a lembrar sempre que o centro da nossa vida é Deus. De andar com pessoas e amar pessoas de maneira prática. O que de pratico você precisa fazer hoje? Frequentar uma célula? Abrir a sua casa para os relacionamentos? Começar uma aliança espiritual com um parceiro de jornada? Ligar para alguém que a muito tempo você não fala? Cuidar de pessoas?
4ª Marca:  Uma preocupação incessante com o estado espiritual de outros.
Quando entendemos que o Reino é o grande tesouro que encontramos. Nós falamos de Jesus o tempo todo a todas as pessoas. Por isso fale de Jesus o tempo todo, espalhe as boas novas. Pois há urgência o tempo está passando e as pessoas estão morrendo.  A cada minuto 147 pessoas deixam essa vida. Morrem 211.680 pessoas por dia no mundo. A morte é uma urgência. Como disse o Oswald Smith: “Se você não se importa quando falamos de missões há uma grande probabilidade que você não tenha nascido de novo.”Fale de Jesus com as palavras e com a vida. Usemos as palavras de  Francisco de Assis: “ Pregue o evangelho e se necessário use palavras”
Fale de Jesus para  as pessoas, mas fale sobre as pessoas para Jesus.


 
5ª Marca: Uma entrega incondicional para o serviço.
A igreja é a comunidade do serviço e por isso mesmo precisa ser uma comunidade de servos. “Quem não serve não presta”
Jesus  nos chamou para vivermos uma vida não egoísta e dedicação ao serviço aos outros. Em que somos conhecidos como pessoas cheias de amor. Servos andando com a toalha em nossos braços. E esse amor começa com uma preocupação com os de fora e os de dentro que resulta em ações praticas no reino. Servindo ao próximo hoje, dando o seu tempo, abraçando, ouvindo, curando e doando .
Uma declaração que tem sido a minha oração e que vale a pena fazermos é: “Eu quero fazer tudo o que for preciso e necessário para Deus mude o meu mundo, minha família, minha igreja e a minha cidade”
Se entregar ao serviço é
ser luz, e ser luz  fala da posição estratégica, é a cidade edificada sobre o monte e quem não pode se esconder. Não podemos nos esconder. Pois somos chamados para fazer diferença.   Somos chamados para causar impacto onde estamos. A igreja sinaliza o Reino e  chama os homens para a esfera do Reino. O domínio de Deus.  O cristão verdadeiro  mostra o Reino  para que outros vejam as boas obras.Como bem disse o Pr. Ed René Kivitz: “A igreja é responsável por manifestar aqui e agora, a maior densidade possível do Reino que será estabelecido ali e além.”

Temos como cristãos verdadeiros o  papel de preservar. De ser inconformado estrategicamente, de confrontar as obras más, de ser contraste , de  Preserva a pureza fazendo frente a cultura da morte ( aborto), denunciando a injustiça, o racismo, violência, os abusos de todo tipo. Fazendo frente na preservação do nosso planeta.  
E maior questão da inconformação, é dizer:  Eu vou servir a Deus. E isso não tem haver com o que você faz, mas sim com o como você faz. Precisamos de um batalhão de discipulos que construam o Reino e sinalizem inconformados em meio a um mundo que está em trevas.
Conclusão
Não há outra maneira de encerrar fazendo esse convite: você é um cristão verdadeiro? Se após essa marcas elas não fazem parte da sua vida é tempo de fazer uma avaliação profunda, voltar as primeiras obras ou entregar o controle da sua vida a Jesus.
Necessário vos é nascer de novo!

5 votos para obter poder espiritual

Esses pensamentos estão expressos em um dos livros mais profundos que li. Na verdade um livreto, de A.W.Tozer que me chegou as mãos em 2006. Li, meditei, ensinei a igreja e tenho tentando viver esses votos.

Votos que mudam nossa vida:
Em nossa tradição histórica temos muito medo de fazer votos, por medo de não cumpri-los e também  de os associarmos ao legalismo.
Mas na Bíblia encontramos  grande homens de Deus que foram dirigidos por votos, alianças e compromissos. " Os votos que fiz, eu os manterei, ó Deus. Render-te-ei ações de graças." Salmo 56.12 
Se queremos avançar precisamos fazer alguns votos:

1º Voto: Trate seriamente o pecado
Pois o pecado se apega a nós facilmente de maneira que começamos a racionalizar e a tratá-lo de maneiras brandas. Começamos a ter pequenos pecados escondidos que impedem uma comunhão mais plena com Deus. E precisamos lembrar que pecado é poluição que nos afasta de Deus. Nossos pecados devem ser nomeados. TODO PECADO CONHECIDO DEVE SER NOMEADO, CONFESSADO E DEIXADO
2º Voto: Não seja dono de coisa alguma 
Nascemos com o desejo de possuir e nesse processo chamamos tudo de nosso, de tal maneira que não conseguimos repartir e desfrutar. Perdemos a noção  de que tudo que está nas nossas mãos é dádiva do nosso Pai e nos é concedido para administrarmos.
Não ser dono de coisa alguma significa entregarmos tudo a Deus. Deixar tudo a disposição do verdadeiro dono e doador de toda dádiva. Se Deus lhe pedir algo precioso hoje você está disposto a entregar?
Uma grande libertação é viver sem possuir, sermos livres desse senso de posse, pois quando somos livres, podemos desfrutar. 
3º Voto: Nunca se defenda 
A defesa é um dos maiores instintos humanos. E Deus nos dará essa escolha: nos defender ou dar a Ele a chance de ser a nossa defesa e nos honrar. 
Viver livre é viver como Jesus que  " Quando insultado, não revidava;quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se aquele que julga com justiça." 1 Pedro 2.23  
Como é diferente a postura da igreja e dos cristãos hoje. Mas a chave para experimentar mais de Deus é saber que vivemos para agradá-lo e que nossa reputação está somente nas suas mãos, pois reputação é o que outros pensam de nós e não temos controle nenhum sobre isso. 
4º Voto: Jamais passe adiante algo que prejudique outra pessoa.
O fofoqueiro não tem lugar no favor de Deus. E hoje estamos viciados em saber coisas dos outros e passá-las adiante. As redes sociais tem sido usadas livremente pelo "acusador dos irmãos" 
Maledicência e fofoca são vícios, quando você se acostuma fazer, isto vai dominá-lo. Faça hoje um voto de mudar!
Se você sabe de algo que vai ferir a reputação de uma pessoa, fale para Deus, fale para ela e enterre todo restante
Para nos assentar a mesa do nosso Pai, Ele espera poder nos ensinar como se portar a mesa. E ele não permitirá comer enqaunto não obedecer a étiqueta da sua mesa que é: "Não contar histórias sobre os irmãos que estão asssentados conosco na mesa, não importando onde congregam, a nacionalidade ou acontecimentos passados." 
5º Voto:  Nunca aceite qualquer glória 
Deus é zeloso e Ele não dará sua glória a ninguém!
Diga sempre: Recebe Senhor
Muitos de nós, queremos servir ao Senhor, mas sem percebermos também queremos que os outros saibam que estamos servindo ao Senhor. E podemos ser contaminados nos exercicios mais simples de espiritualidade. Até mesmo ao escrever um artigo como esse para ser lido por outros corro profundamente esse risco. 
O segredo é determinarmos que não iremos receber qualquer glória, mas Deus receberá toda. 
Ao nos comprometermos a cumprir esses votos com a ajuda de Deus e, muitas coisas mudarão em nossa vidas. A graça e o poder de Deus é derramado na vida daqueles que se comprometem a fazer isso. A Ele toda Glória!

Ler ou não ler, eis a questão

Coluna  do Luiz Felipe Pondé para a Folha de São Paulo no dia 25/07/2011. 
Pondé é um dos mais lúcidos dos intelectuais brasileiros, sempre levando-nos a refletir sobre a nossa tendência a hipocrisia e ao " politicamente correto".  
Abaixo a coluna de ontem da Folha: 
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Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for "não", o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim.
Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como "Dostoiévski não está com nada" porque queima seu filme.

Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista... risadas) vem deles.

Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre "as novas gerações".

Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: "Essa moçada não lê nada".

Na maioria dos casos, pais e professores também não leem nada e posam de cultos indignados. A indignação, depois da Revolução Francesa, é uma arma a mais na mão da hipocrisia de salão.

Mas há também aqueles que dizem que a moçada de hoje é "superavançada". Não vejo nenhuma grande mudança nessa moçada nos últimos 15 anos. Mesmas mazelas, mesmas inquietações do dia a dia.

Nada mais errado do que supor que eles exijam "tecnologia de ponta" na sala de aula (a menos que a aula seja de tecnologia, é claro). Atenção: com isso não quero dizer que não seja legal a tal "tecnologia de ponta". Quero dizer que "tecnologia de ponta" eles têm "na balada". O que eles não têm é Dostoiévski.

O "amor pela tecnologia" é sempre brega assim como constatamos o ridículo de filmes com "altíssima tecnologia de ponta" comum nos anos 80 e 90 (tipo "Matrix"). Hoje, tudo aquilo parece batedeira de bolo dos anos 50. O que hoje você acha "sublime" na histeria dos tablets, amanhã será brega como os computadores dos anos 80.

Dostoiévski é eterno como a morte. Mas eis que lendo uma excelente entrevista com um psicólogo professor de Yale na página de Ciência desta Folha da última terça (19) encontro um dos equívocos mais comuns com relação a Dostoiévski.

O professor afirma que agir moralmente bem não depende de crenças religiosas. Corretíssimo. Qualquer um que estudar filosofia moral e história saberá que acreditar em Deus ou não nada implica em termos de "melhor" comportamento moral. Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.

E mais: se Nietzsche estivesse vivo veria que hoje em dia -época em que ateus são comuns como bananas nas feiras- existe também aquele que vira ateu por ressentimento.

Nietzsche acusa os cristãos de crerem em Deus por ressentimento (o cristianismo é platonismo para pobre). Temos medo da indiferença cósmica, daí "inventamos" um dono do Universo que nos ama e, ao final, tudo vai dar certo.

Quase todos os ateus que conheço o são por trauma de abandono cósmico. Se o religioso é um covarde assumido, esse tipo de ateu (muito comum) é um "teenager" revoltado contra o "pai".

Mas voltando ao erro na leitura de Dostoiévski. Do fato que religião não deixa ninguém melhor, o professor conclui que Dostoiévski estava errado quando afirmou que "se Deus não existe, tudo é permitido". Erro clássico.

Essa afirmação de Dostoiévski não discute sua crença, nem o consequente comportamento moral decorrente dela (como parece à primeira vista). Ela discute o fato de que, pouco importando sua crença, se Deus não existe, não há cobrança final sobre seus atos. O "tudo é permitido" significa que não haveria "um dono do Universo" para castiga-lo (ou não), dependendo do que você fizesse.

Claro que isso pode incidir sobre seu comportamento moral, mas apenas secundariamente. A questão dostoievskiana é moral e universal, não pessoal. Pouco importa sua crença, a existência ou não de Deus independe dela, e as consequências de sua existência (ou não) cairão sobre você de qualquer jeito. O problema é filosófico, e não psicológico.

O cineasta Woody Allen entendeu Dostoiévski bem melhor do que o professor.