A fé que me ensina a viver


A fé que tenho vivido e a qual me ensina a me relacionar com um Deus que é graça, graça pura, não me permite viver essa pseudo-fé evangélica que está em voga por aí.
 Uma fé que nega o sentimento, a dor , as tragédias, a realidade, com coisa que a simples negação em si, seja o que consolida a mudança, a esperança , a intervenção de Deus.
Vejo por aí pessoas amarguradas, que aprenderam com os seus líderes e as suas leituras absurdas do evangelho de Jesus, a negar a realidade da dor, a declarar o contrário  numa situação de perda, repetir fórmulas mágicas como : Deus está no controle, todas as coisas cooperam para o bem e somente ele sabe , como uma maneira de amortecer a dor e o impacto das tragédias. Não que essas declarações não sejam verdadeiras, mas o problema consiste no crer que o simples fato de declarar essas palavras, resolva a dor, a perda e o vazio que muitas vezes fica nas situações de perplexidade da vida
.A fé que aprendi a viver nos evangelhos é uma fé que nos momentos de tristeza , chora , pranteia, sente falta e olha para perda com saudade.Uma fé que como Jesus nos momentos de tristeza chora, e sabe conviver com as tragédias debaixo da graça de Deus.
Uma fé que como Paulo olha a vida na perspectiva da nossa finitude e que não olha para as tragédias com um sentimento de negação irreal, de uma fé falsa, de uma fé que crê na fé.
 A fé que sobressai das cinzas é aquela que chora e pranteia diante de um Deus que chora conosco, e que nos ensina que fé não é crer no que Deus pode fazer, fé é crer em Deus, crer na sua fidelidade, no seu  conforto, mesmo quando ele não faz aquilo que cremos.                                                                                                                                                                                                                                Uma fé que convive com um aperto no peito e diz : “ sinto falta” , que diz : Por que teve que ser assim” ,  “Não compreendo?” “ Por que? Por que?”     Mas ainda assim encontra razão para levantar a cabeça e dizer : Eu sei para que eu vivo, eu sei para onde estou indo, eu creio em um Deus que se faz presente na  minha dor e me permite na minha perplexidade absoluta  caminhar .Uma fé que não deixa de ser fé simplesmente por que não espiritualiza todas as situações da vida, uma fé que não deixa de ser fé, simplesmente por que não encontra respostas prontas para as situações de dor e tragédia , mas que muitas vezes se contenta com o silêncio e em dizer : Não entendo.
Uma fé que diante de Deus aprende a equilibrar um sentimento apaixonado e esperançoso  com uma razão inteligente que foi dada pelo próprio doador da fé.
Essa fé me permite continuar , sorrir, chorar , sofrer, ser feliz , crer e em algumas vezes duvidar. Pois essa é a vida de um homem no Caminho, até aquele dia em que não haverá mais choro, tristeza e estaremos todos diante do Doador da vida, para sempre, sem perplexidades, pois ali não haverá mistérios nenhum, mas tudo será trazido a luz da presença daquele que é luz e graça. Amém.

© 2011 Ricardo Capler 

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